Processo Acadêmico
O sistema de ensino no Curso de Medicina na
Universidade Estadual de Londrina adota o modelo PBL (“Problem Based
Learning”). Este modelo a meu ver é
muito interessante, motiva o aluno a desenvolver raciocínio sobre situações apresentadas que caminha para
uma resolutilidade, ao mesmo tempo que
induz no seu trajeto a necessidade de
conhecimento da anatomia, histologia, fisiologia, fisiopatologia etc. Enfim
toda a informação básica para a indução do raciocínio.
Os alunos tem quatro anos para conhecer,
através de reuniões em grupos, orientadas por um Tutor toda a parte básica do
ensino quando apresentados os problemas.
O programa tem como prosposta os seguintes
objetivos educacionais:
Geral – Possibiliar ao aluno identificar a
normalidade tecidual e funcional, os mecanismos fisiológicos e
fisiopatológicos, as alterações anatomo-patológicas e os aspectos bioéticos
envolvidos em processos mórbidos que afetem os órgãos, para o dsenvolvimento do
raciocínio clinico, com a identificação e integração de sinais, sintomas, exames complementares
para a definição dos diagnósticos diferenciais e prospostas terapêuticas.
Especiais
·
Rever
a anatomia macroscópica e microscópica dos objetivos comprometidos;
· Conhecer
a anatomia patológica e macroscópica destes órgãos;
· Rever
a fisiologia dos órgãos envolvidos;
· Reconhecer
os mecanismos fisiopatológicos;
· Identificar
as principais alterações adquiridas e hereditárias de processos patológicos em
resposta à agressão aos órgãos;
· Identificar
e compreender suas causas, incluindo-as no diagnóstico diferencial;
· Identificar
as manifestações clínicas das diversas patologias;
· Conhecer
e interpretar os exames complementares que auxiliam no diagnóstico das doenças
envolvendo estes órgãos, inclusive de imagem;
· Compreender
os aspectos bióticos relacionados aos vários estágios, inclusive os terminais,
dos pacientes com comprometimento da função dos órgãos.
Porém isto tem acontecido com a maioria dos
alunos, acredito, apenas superficialmente.
Os alunos chegam ao Internato (5ª e 6º. Anos)
sem noções básicas das matérias citadas acima, muito menos sobre Biofísica,
Bioquímica, Microbiologia etc e imaginem sobre Bioestatística. É no Internato,
bastante exaustivo, este, a meu ver o ponto forte da Faculdade que boa parte
das falhas são corrigidas.
Em reunião sobre o assunto, o Departamento de
Clínica Cirúrgica, em votação, sugeriu a volta do ensino médico ao modelo
tradicional. Fui voto vencido.
Apresentei a seguinte mudança curricular: Dois
anos de Ensino Tradicional, dois anos de “PBL” e dois de Internato, para assim,
fortalecer a parte básica.
Como cirurgião acho inadmissível uma carga
horária tão baixa para Anatomia e
Anatomia Patológica. A tendência é a formação de médicos generalistas, uma vez
que a cirurgia exige conhecimento forte sobre essas matérias.
Não estou com isto, advogando aulas
magistrais, expositivas e longas, ministradas por cirurgiões pouco afeitos a
Graduação. O fortalecimento da aproximação do aluno aos Laboratórios de
Anatomia e Anatomo-Patologia é uma das medidas que deveriam ser implantadas de
imediato.
Quanto as especialidades e suas
particularidades, não deveriam afastar-se de buscar, a todo custo a maior
interação entre as mesmas com aproveitamento máximo de suas qualidades.
Com este Modelo Curricular e com bastante
integração poderemos chegar a um nível de ensino mais favorável a formação de
cirurgiões.
Hospital Universitário e Professor Médico
Em 1986 publiquei uma coluna na “Folha de
Londrina” quais deveriam ser as modificações no atendimento do Hospital
Universitário da Universidade Estadual de Londrina.
Na ocasião, chamei o Hospital de “Elitista”,
uma vez que propiciava atendimento apenas a pacientes menos favorecidos, não
oferecia condições adequadas de atendimento principalmente quanto a hospedagem,
dificultando assim o recebimento de pacientes com nível social melhor,
justamente estes que injetam recursos, possibilitando melhorias no hospital.
Assim, ainda defendo que no Hospital seja
construidoo um bloco com apartamentos e suítes para poder estabelecer convênios
com os Planos Privados de Saúdes. Também defendo que mantenha uma proporção desses
leitos com os do Sistema Único de Saúde para que não haja distorções futuras.
O atendimento a pacientes diferenciados
social e politicamente divulgaria o nome da Instituição que poderia inclusive
manter-se, minimizando em parte da dependência
atual exclusiva do SUS, com
conhecida inadequada remuneração.
Nada disso funcionará se não permitirmos aos
professores médicos, o recebimento de honorários por paciente atendido seja
qual for o tipo de convênio, inclusive o da rede pública.
Não acredito em altos salários e sim no
recebimento por tarefa ou seja, a produtividade. Esta acompanhar-se a de um
aumento no número de atendimento médico, rápida resolutividade dos casos e
fixação dos médicos no hospital. Ganha a Instituição, ganha o médico, ganham os
alunos que terão seus professores trabalhando mais assiduamente. Por fim,
ganham os pacientes que passarão a receber assistência melhor tanto do ponto de
vista médico como do funcionamento hospitalar.
Não há porque vincular o Ensino à
Assistência. Professores recebem para ministrar ensino e não para a última.
Há 26 anos sonho em ver o Hospital
Universitário como referência especialmente em Cirurgia Cardiovascular. Não me
orgulho de tratar com minha equipe, mais de 120 pacientes mensalmente e, não
mais que 10 nesta tão nobre Instituição.
Porém não gostaria de ver chegada minha
aposentadoria compulsória – pouco menos de cinco anos – nestas condições.
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