segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Reflexões Sobre o Processo Acadêmico, Hospital Universitário e Professor Médico


Processo Acadêmico

O sistema de ensino no Curso de Medicina na Universidade Estadual de Londrina adota o modelo PBL (“Problem Based Learning”). Este  modelo a meu ver é muito interessante, motiva o aluno a desenvolver raciocínio  sobre situações apresentadas que caminha para uma resolutilidade, ao  mesmo tempo que induz no seu  trajeto a necessidade de conhecimento da anatomia, histologia, fisiologia, fisiopatologia etc. Enfim toda a informação básica para a indução do raciocínio.

Os alunos tem quatro anos para conhecer, através de reuniões em grupos, orientadas por um Tutor toda a parte básica do ensino quando apresentados os problemas.

O programa tem como prosposta os seguintes objetivos educacionais:

Geral – Possibiliar ao aluno identificar a normalidade tecidual e funcional, os mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos, as alterações anatomo-patológicas e os aspectos bioéticos envolvidos em processos mórbidos que afetem os órgãos, para o dsenvolvimento do raciocínio clinico, com a identificação e integração  de sinais, sintomas, exames complementares para a definição dos diagnósticos diferenciais e prospostas terapêuticas.

 

Especiais

·  Rever a anatomia macroscópica e microscópica dos objetivos comprometidos;

· Conhecer a anatomia patológica e macroscópica destes órgãos;

· Rever a fisiologia dos órgãos envolvidos;

· Reconhecer os mecanismos fisiopatológicos;

· Identificar as principais alterações adquiridas e hereditárias de processos patológicos em resposta à agressão aos órgãos;

· Identificar e compreender suas causas, incluindo-as no diagnóstico diferencial;

· Identificar as manifestações clínicas das diversas patologias;

· Conhecer e interpretar os exames complementares que auxiliam no diagnóstico das doenças envolvendo estes órgãos, inclusive de imagem;

· Compreender os aspectos bióticos relacionados aos vários estágios, inclusive os terminais, dos pacientes com comprometimento da função dos órgãos.

Porém isto tem acontecido com a maioria dos alunos, acredito, apenas superficialmente.

Os alunos chegam ao Internato (5ª e 6º. Anos) sem noções básicas das matérias citadas acima, muito menos sobre Biofísica, Bioquímica, Microbiologia etc e imaginem sobre Bioestatística. É no Internato, bastante exaustivo, este, a meu ver o ponto forte da Faculdade que boa parte das falhas são corrigidas.

Em reunião sobre o assunto, o Departamento de Clínica Cirúrgica, em votação, sugeriu a volta do ensino médico ao modelo tradicional. Fui voto vencido.

Apresentei a seguinte mudança curricular: Dois anos de Ensino Tradicional, dois anos de “PBL” e dois de Internato, para assim, fortalecer a parte básica.

Como cirurgião acho inadmissível uma carga horária tão  baixa para Anatomia e Anatomia Patológica. A tendência é a formação de médicos generalistas, uma vez que a cirurgia exige conhecimento forte sobre essas matérias.

Não estou com isto, advogando aulas magistrais, expositivas e longas, ministradas por cirurgiões pouco afeitos a Graduação. O fortalecimento da aproximação do aluno aos Laboratórios de Anatomia e Anatomo-Patologia é uma das medidas que deveriam ser implantadas de imediato.

Quanto as especialidades e suas particularidades, não deveriam afastar-se de buscar, a todo custo a maior interação entre as mesmas com aproveitamento máximo de suas qualidades.

Com este Modelo Curricular e com bastante integração poderemos chegar a um nível de ensino mais favorável a formação de cirurgiões.

Hospital Universitário e Professor Médico

Em 1986 publiquei uma coluna na “Folha de Londrina” quais deveriam ser as modificações no atendimento do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina.

Na ocasião, chamei o Hospital de “Elitista”, uma vez que propiciava atendimento apenas a pacientes menos favorecidos, não oferecia condições adequadas de atendimento principalmente quanto a hospedagem, dificultando assim o recebimento de pacientes com nível social melhor, justamente estes que injetam recursos, possibilitando melhorias no hospital.

Assim, ainda defendo que no Hospital seja construidoo um bloco com apartamentos e suítes para poder estabelecer convênios com os Planos Privados de Saúdes. Também defendo que mantenha uma proporção desses leitos com os do Sistema Único de Saúde para que não haja distorções futuras.

O atendimento a pacientes diferenciados social e politicamente divulgaria o nome da Instituição que poderia inclusive manter-se, minimizando em parte da dependência  atual exclusiva do SUS, com  conhecida  inadequada remuneração.

Nada disso funcionará se não permitirmos aos professores médicos, o recebimento de honorários por paciente atendido seja qual for o tipo de convênio, inclusive o da rede pública.

Não acredito em altos salários e sim no recebimento por tarefa ou seja, a produtividade. Esta acompanhar-se a de um aumento no número de atendimento médico, rápida resolutividade dos casos e fixação dos médicos no hospital. Ganha a Instituição, ganha o médico, ganham os alunos que terão seus professores trabalhando mais assiduamente. Por fim, ganham os pacientes que passarão a receber assistência melhor tanto do ponto de vista médico como do funcionamento hospitalar.

Não há porque vincular o Ensino à Assistência. Professores recebem para ministrar ensino e não para a última.

Há 26 anos sonho em ver o Hospital Universitário como referência especialmente em Cirurgia Cardiovascular. Não me orgulho de tratar com minha equipe, mais de 120 pacientes mensalmente e, não mais que 10 nesta tão nobre Instituição.

Porém não gostaria de ver chegada minha aposentadoria compulsória – pouco menos de cinco anos – nestas condições.

 

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